segunda-feira, 8 de outubro de 2012

A escola Odércio está em festa...

O aluno Rafael do 8 ano A, juntamente com a sua professora Valdeniza estão entre os semifinalistas da Olimpíada de Língua Portuguesa do Brasil, o que para nós da família Odércio é uma honra como troféu


TÍTULO DO TEXTO: A honra como troféu
CATEGORIA: Memórias literárias
ALUNO(A) AUTOR(A): Rafael santos da Silva
PROFESSOR(A): Valdeniza Macedo Barbosa
DIRETOR(A): Ciro Jose Toaldo
ESCOLA: EMEIEF VER ODERCIO NUNES DE MATOS
MUNICÍPIO/UF: Naviraí/MS
Enviamos os nossos cumprimentos ao(à) aluno(a), professor(a) e diretor(a).

O texto foi analisado pelas Comissões Julgadoras Escolar, Municipal e Estadual. Depois de passar por todas essas etapas, foi selecionado como um dos 500 semifinalistas da Olimpíada em todo o Brasil. Parabéns pelo trabalho realizado!

No mês de novembro, alunos e professores semifinalistas participarão de oficinas de escrita. Em breve, entraremos em contato com mais informações.

Acompanhe as notícias da Olimpíada pela Comunidade Virtual (www.escrevendoofuturo.org.br).
 
 A honra como troféu

Ainda no início da conversa com seu Popô pude observar que seria fácil nosso diálogo, mas o pausar na sua voz, e suas feições, tinha um lamento, uma dor. De repente uma brincadeira, um sorriso, e tudo se transformam, no compasso em que contava sua história:
_Lembrar dói... Dói muito... É tão profunda a dor que machuca a alma, e faz calar a voz.
Não diferente de crianças que hoje existe por ai. Vim de uma infância sofrida, sem amor ou palavra de carinho, marcada pelo abandono de meus pais, aos meus dois anos de idade. Criado por padrinhos, espancado e explorado no trabalho infantil nos roçados, sob o calor escaldante da seca do nordeste, na velha Caruaru, em Pernambuco.
 Ali vivi uma infância que não desejo a criança alguma. Muito distante do mundo de hoje, com tantas tecnologias, robôs que são brinquedos, vídeo game, computador, celular. Nunca me deram um brinquedo! Quem me dera ter um carrinho do um e noventa e nove. Eu brincava com a enxada, lima e uma moringa de barro. Muitas vezes o cabo da enxada era o meu cavalinho.
Naquele tempo estudar era difícil, distante, e eu não tive este direito, acontecia de eu estudar apenas três meses por ano, muitas vezes por não ter professor. Hoje meus filhos, vocês tem tudo e precisam valorizar o professor e a escola que tem.
Ali era só trabalho, a única alegria era à feira-livre, onde vendia de tudo: carne seca, maxixe, jerimum, macaxeira e animais vivos, lá eu ficava extasiado com os gritos dos feirantes. Naquela época não existia aparelho de som, e a propaganda era feita no gogó mesmo!
Que tempos aqueles, foi dali que ainda quase menino fugi de casa, e me larguei no mundo, como um andarilho sonhador, desses que ate hoje existe, e encara os sofrimentos da vida sem perder a  esperança. Como não havia os ônibus de agora, de pau-de-arara, ou de carona, viajei sem destino, trabalhei aqui ou ali, de forma honesta. Aprendi na escola da vida, que o trabalho enobrece o homem e a fé fortalece o cristão.
 Cheguei a Naviraí nos meados de 1963, pequena vila, um fio aquoso e tênue de esperança, cercada por mágica floresta, coberta por cipó de flor lilás, que perfumava o ar. Personificação de Deus e sinônimo de beleza. Puro encantamento! E eu a admirar. Em seu seio o Rio Amambaí caudaloso saracoteava, seus peixes dançavam ao redor de uma fonte límpida de puro cristal, os pássaros cantavam em coro a mais bela melodia. Que saudade me dá!
Lembro-me da casinha de pau- a- pique, com piso de chão batido. O fogão de lenha, o candeeiro, da estrada de chão, e até do vestido de chita da minha mulher, minha amada, minha companheira. Porém tudo se transformou! Antes mata hoje cana, luz elétrica, asfalto, prédios, lindas praças, Naviraí tornou-se uma linda dama.
 Se bem me lembro do menino fugitivo. Ele também teve seus amores. Casei-me duas vezes, e quatro filhos ganhei: anjos lindos, cândidos.  E me achando merecedor Deus deu-me a graça maior, três crianças abandonadas que adotei como filhos meus, e criei com muito amor.
A água que hoje chega às casas pelos canos e torneiras, antes chegava pelo trabalho duro do poceiro, que eu fazia cavando o chão. E mesmo sem estudo, me aventurei na politica, ganhei para vereador, trabalhei com muita garra, e pudor. Por vinte anos labuto no mundo politico, mas nada é como antes, tempos em que um fio de bigode de um homem indicava o seu valor.
Hoje aos setenta e três anos, e com o diabete vencido, minha memória tão cheia de poços, e tão congestionada, no meu coração cheio de marcas esta a certeza de que amo o lugar onde vivo e por ele continuo a trabalhar, e como presidente da associação do meu bairro, cuido dele com carinho.
Revendo minha história, tirei dela uma lição. Peripécia alguma me desviou do bom caminho, sou dono do mais rico troféu que um homem pode ter na vida. A minha honra.
 Relendo a história do seu Popô viajo por um caminho de luta e superação, e me vejo diante do espelho da vida.

Texto baseado na entrevista feita com o senhor Apolônio Candido dos Santos (seu Popô) de 73 anos de idade.
Aluno: Rafael Santos da Silva 8º ano A -
                                                            Fotos da Exposição das olimpíadas

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